terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dicas da Sam: Sindrome de down não pega. Contagia!

Dicas da Sam: Sindrome de down não pega. Contagia!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: JOGAR E BRINCAR, UMA FORMA DE EDUCAR


ARLETE FIN1



RESUMO


Jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois estão presentes na humanidade desde o seu início. O presente artigo trata do lúdico como processo educativo, demonstrando que ao se trabalhar ludicamente não se está abandonando a seriedade e a importância dos conteúdos a serem apresentados à criança, pois as atividades lúdicas são indispensáveis para o seu desenvolvimento sadio e para a apreensão dos conhecimentos, uma vez que possibilitam o desenvolvimento da percepção, da imaginação, da fantasia e dos sentimentos. Por meio das atividades lúdicas, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente.

PALAVRAS CHAVE


Lúdico, brincar, jogar, criança.

INTRODUÇÃO

O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo.

A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que damos o nome de educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam, comunicam se e comungam do mesmo saber.

A infância é a idade das brincadeiras. Acredito que por meio delas a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Destaco o lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca.

A pesquisa aqui apresentada, O lúdico na educação infantil, tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação infantil, procurando provocá-lo, para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil.

É muito importante aprender com alegria, com vontade. Comenta Sneyders (1996, p.36) que “Educar é ir em direção à alegria.” As técnicas lúdicas fazem com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial.[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. [...] (ALMEIDA, 1995, p.11)

Portanto, é de primordial importância a utilização das brincadeiras e dos jogos no processo pedagógico, pois os conteúdos podem ser ensinados por intermédio de atividades predominantemente lúdicas.

O presente artigo procura conceituar o lúdico, demonstrar sua importância no desenvolvimento infantil e dentro da educação como uma metodologia que possibilita mais vida, prazer e significado ao processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista que é particularmente poderoso para estimular a vida social e o desenvolvimento construtivo da criança.

O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real.Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade.

Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade.

Para que a educação lúdica caminhe efetivamente na educação é preciso refletir sobre a sua importância no processo de ensinar e aprender. Ciente da importância do lúdico na formação integral da criança, encaminho os estudos abordando a seguinte questão: Qual a importância das atividades lúdicas na educação infantil ?

DESENVOLVIMENTO

O ato de brincar na educação infantil é de suma importância para o desenvolvimento da criança e a aprendizagem. Nos encontros sobre educação são discutidas atividades pra serem trabalhadas com as crianças para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. A criança pode na brincadeira, desenvolver algumas capacidades importantes: a atenção, a memória, a imaginação e a imitação. É na brincadeira que ela pode pensar e experimentar situações novas ou mesmo do seu cotidiano. A criança faz da brincadeira um meio de comunicação, de prazer e de recreação. Segundo a perspectiva de autores como Piaget e Vygotsky, a criança através das brincadeiras e jogos está em mediação direta com o mundo. Para tanto o trabalho faz algumas reflexões a cerca dos objetivos da característica da introdução educação infantil e da pré-escola. O objetivo principal da educação infantil é contribuir para a aprendizagem, bem como o desenvolvimento dos aspectos físicos, sócio - emocionais e intelectual da criança. É necessário que haja uma infinidade de meios a serem oferecidos para que a criança possa desenvolver sua capacidade de criar e aprender. A brincadeira constitui um dos meios que pode levar a criança a um crescimento global. O jogo é uma assimilação funcional ou reprodutiva e conforme a sua estrutura, Piaget classifica-o em: de exercício (sensorio-motores); simbólicos e de regras, sem esquecer suas variedades. Para Vygotsky o jogo é uma atividade muito importante, pois através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento proximal, funções que ainda não amadurecem, mas que se encontram em processo de maturação, o que a criança irá alcançar em um futuro próximo. A escola deve ser rica de experiências para a exploração ativa, compartilhada por crianças e adultos onde através das brincadeiras e jogos a criança exercita vários papéis com os quais interage no cotidiano.

No caso da educação infantil, qual é, então, o melhor lugar que a brincadeira pode ocupar? Nem tão “largada” que dispense o educador, dando margem a práticas educativas espontaneístas que sacralizam o ato de brincar, nem tão dirigida que deixe de ser brincadeira (Oliveira, 2001). Como se faz isso? Qual é o papel do educador em relação ao brincar na educação infantil?

Brincar é uma atividade paradoxal: livre, imprevisível e espontânea, porém, ao mesmo tempo, regulamentada; meio de superação da infância, assim como modo de constituição da infância; maneira de apropriação do mundo de forma ativa e direta, mas também através da representação, ou seja, da fantasia e da linguagem (Wajskop, 1995). Brincando, o indivíduo age como se fosse outra coisa e estivesse em outro tempo e lugar, embora – para que a atividade seja considerada brincadeira, e não alucinação – deva estar absolutamente conectada com a realidade. Provavelmente Ajuriaguerra e Marcelli, 1991 consideraram tudo isso para dizer que é um paradoxo querer definir o brincar com demasiado rigor.

Diante de tais paradoxos, não é de surpreender que não seja possível afirmar categoricamente para que serve a brincadeira. Entretanto, os custos dessa atividade são tão elevados para as espécies que brincam, envolvendo gasto de tempo, energia e exposição a riscos, que o retorno em termos de benefícios deve ser considerável.

Para quem brinca, contudo, a pergunta “brincar pra quê?” É vã, pois se brinca por brincar, porque brincar é uma forma de viver. O indivíduo que brinca não o faz porque essa atividade o torna mais competente, seja no ambiente imediato, seja no futuro. A motivação para brincar é intrínseca à própria atividade.

Mesmo sem intenção de aprender, quem brinca aprende, até porque se aprende a brincar. Como construção social, a brincadeira é atravessada pela aprendizagem, uma vez que os brinquedos e o ato de brincar, a um só tempo, contam a história da humanidade e dela participam diretamente, sendo algo aprendido, e não uma disposição inata do ser humano.

A simples oferta de certos brinquedos já é o começo do projeto educativo – é melhor do que proibir ou sequer oferecer. Porém, a disponibilidade de brinquedos não é suficiente. Na escolha e na proposição de jogos, brinquedos e brincadeiras, o educador coloca o seu desejo, suas convicções e suas hipóteses acerca da infância e do brincar. O educador infantil que realiza seu trabalho pedagógico na perspectiva lúdica observa as crianças brincando e faz disso ocasião para reelaborar suas hipóteses e definir novas propostas de trabalho. Não se sente culpado por esse tempo que passa observando e refletindo sobre o que está acontecendo em sua sala de aula (Moyles, 2002). Percebe que o melhor jogo é aquele que dá espaço para a ação de quem brinca, além de instigar e conter mistérios. No entanto, não fica só na observação e na oferta de brinquedos: intervém no brincar, não para apartar brigas ou para decidir que fica com o quê, ou quem começa ou quando termina, e sim para estimular as atividades mentais, sociais e psicomotoras dos alunos com questionamentos e sugestões de encaminhamentos. Identifica situações potencialmente lúdicas, fomentando-as, de modo a fazer a criança avançar do ponto em que está na sua aprendizagem e no seu desenvolvimento (Moyles, 2002). Não exige das crianças descrição antecipada ou posterior das brincadeiras, pois, se assim o fizer, não estará respeitando o que define o brincar, isto é, sua incerteza e sua improdutividade (Kishimoto, 2002), embora esteja disponível para conversar sobre o brincar antes, durante e depois da brincadeira. Enfim, realiza uma animação lúdica.

Para fazer tudo isso, o educador não pode aproveitar a “hora do brinquedo” para realizar outras atividades, como conversar com os colegas, lanchar, etc. Ao contrário: em nenhum momento da rotina na escola infantil o educador deve estar tão inteiro e ser tão rigoroso – no sentido de atento às crianças e aos seus próprios conhecimentos e sentimentos – quanto nessa hora.

É necessário que o educador insira o brincar em um projeto edu­cativo, o que supõe intencionalidade, ou seja, ter objetivos e consciência da importância de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantis. Contudo, esse projeto educativo não passa de ponto de partida para sua prática pedagógica, jamais é um ponto de chegada rigidamente definido de antemão, pois é preciso renunciar ao controle, à centralização e à onisciência do que ocorre com as crianças em sala de aula. De um lado, o educador deve desejar – no sentido da dimensão mais subjetiva de “ter objetivos” – e, ao mesmo tempo, deve abdicar de seus desejos – no sentido de permitir que as crianças, tais como são na realidade, advenham, reconhecendo que elas são elas mesmas, e não aquilo que ele, educador, deseja que elas sejam. Será a ação educativa sobre o brincar infantil contraditória, paradoxal? Sim, tal como o brincar!

O problema é que, apesar de muitos educadores deixarem seus alunos brincar, a efetiva brincadeira está ausente na maior parte das classes de educação infantil. E o que é pior: à medida que as crianças crescem, menos brinquedos, espaço e horário para brincar existem. Quando aparece, é no pátio, no recreio, no dia do brinquedo, não sendo considerada uma atividade legitimamente escolar.

Na verdade, os adultos parecem sentir-se ameaçados pelo jogo devido à sua aleatoriedade. Seu papel no brincar foge à habitual centralização onipotente, e os professores não sabem o que fazer enquanto seus alunos brincam, refugiando-se na realização de outras atividades, ditas produtivas. Na melhor das hipóteses, tentam racionalizar, definindo o brincar como atividade espontânea que cumpre seus fins por si mesma. Na pior das hipóteses, sentem-se incomodados pela alusão à própria infância que o contato com o brincar dos seus alunos propicia, ou confusos quanto ao que fazer enquanto as crianças brincam, muitas vezes não apenas se intrometendo na brincadeira, como tentando ser a própria criança que brinca.

Por outro lado, uma sala de aula cuja visualidade lúdica é excessiva, chegando ao ponto de ser invasiva, distancia as crianças do brincar. Com tantas ofertas de brinquedos e situações lúdicas, as crianças não conseguem assimilar as propostas ali contidas e acabam não interagindo com esse material, disposto somente para enfeite e contemplação, com um papel meramente decorativo. Não são brinquedos para brincar, são “para ver”. Outras vezes, os brinquedos e as brincadeiras são cercados de tanta proibição, com instruções tão restritivas, que às crianças resta apenas não brincar – e brigar.

A sala de aula é um lugar de brincar se o professor consegue conciliar os objetivos pedagógicos com os desejos do aluno.

Uma aula ludicamente inspirada não é, necessariamente, aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que as características do brincar estão presentes, influindo no modo de ensinar do professor, na seleção dos conteúdos, no papel do aluno.

Considerando a importância do brinquedo e do brincar na socialização da criança, estimulando a sua criatividade e auxiliando o seu desenvolvimento, passo a narrar, um episódio interessante, ocorrido numa turma de Educação Infantil, de uma Escola Particular em Vacaria, Rio Grande do Sul.

De brinquedo a colega:

Nesta sala de aula convive-se com a aleatoriedade, com o imponderável, o professor renuncia a centralização e ao controle onipotente e reconhece a importância de uma postura ativa nas situações de ensino, sendo sujeito de sua aprendizagem, a espontaneidade e a criatividade sendo constantemente estimuladas. Nesta sala de aula, que passaremos a relatar esses fatores foram bastante considerados. A escola comemorava o Dia do Trabalho e os alunos assistiam a dramatização com um grupo de bonecos marionetes. Atenta aos comentários da classe, após o espetáculo, a professora observou o entusiasmo e a reação dos alunos. Feitos os comentários, logo surgiu entre eles, a idéia de confeccionar um boneco grande, do tamanho dos alunos. A sugestão foi acatada e aplaudida por todos. Durante a execução a professora coordenou os trabalhos, orientando os grupos, destacando a cooperação entre eles para o sucesso da atividade.

Pronta, o boneco ganhou até o uniforme da escola. As crianças saíam pela escola exibindo seu novo colega, numa grande felicidade. Mas era preciso dar um nome ao boneco. Venceu Rafael!

As crianças cuidavam dele com carinho, como um colega realmente especial. Afinal era o mascote da turma. Durante o recreio, cada dia um grupo de crianças ficava responsável para cuidar do Rafael. Havia também o sorteio diário de quem levaria o boneco para casa. E foi assim durante vários dias. Todos participavam eufóricos. A partir dessa atividade, vários conteúdos foram sendo trabalhados realizando uma verdadeira interdisciplinaridade.

Este trabalho despertou o interesse de outros professores, pois constituiu um grande fator de socialização, cooperação, alegria e prazer. Pude acompanhá-lo sistematicamente. Na turma havia um aluno, cujos laços familiares eram ligados à mim.

Percebemos então, que uma aula lúdica é uma aula que se assemelha ao brincar, onde brinquedo e brincadeira se relacionam no propósito de possibilitar à criança, uma atividade livre, criativa, imprevisível, capaz de absorver a pessoa que brinca ensejando o prazer de aprender. A importância de se tornar essas atividades significativas tanto para a criança, quanto para o professor, é estar primeiramente em sintonia com o interesse e expectativas da criança.

É fundamental que se compreenda que o conteúdo do brinquedo não determina a brincadeira da criança. Ao contrário: o ato de brincar (jogar, participar) é que revela o conteúdo do brinquedo.

A criança, ao puxar alguma coisa, torna-se cavalo, ao brincar com areia, torna-se pedreiro, ao esconder-se se torna guarda. A associação de materiais diversificados tais como: pedras, bolinhas, papéis, madeira, têm muita significação para ela.

O brinquedo faz parte da vida da criança. Ela simboliza a relação pensamento-ação e sob esse ponto, “constitui provavelmente a matriz de toda a atividade lingüística, ao tornar possível o uso da fala, do pensamento e da imaginação”. (Almeida, 1987).

Com a ajuda do brinquedo, a criança pode desenvolver a imaginação, a confiança, a auto-estima, o auto controle e a cooperação. O modo como brinca revela o mundo interior da criança. O brinquedo proporciona “o aprender fazendo, o desenvolvimento da linguagem, o sendo do companheirismo e a criatividade”.

Como garantir o direito da criança brincar, se na escola, local em que as crianças permanecem por muito tempo, pouco se brinca e o brincar é desprezado? Só há um caminho: educar para o brincar, com se educa para o trabalho, para a cultura, para a adaptação social, para o aperfeiçoamento moral.

Educa-se para o bom aproveitamento dos espaços na família, na escola, nas atividades extra-familiares e extra-escolares.

Assim, o brincar colabora com o sucesso escolar, assegurando o direito à efetiva escolarização,

Na verdade, o brincar representa um fator de grande importância na socialização da criança, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver numa ordem social e num mundo culturalmente simbólico.

O papel do adulto no brincar da criança é fundamental. A forma de relação estabelecida por ele irá incidir diretamente no desenvolvimento integral da criança, e sua postura poderá facilitar ou dificultar o processo de aprendizagem infantil.

O investimento na qualidade dessa relação é imprescindível em qualquer espaço de educação, seja ele formal ou informal.

O importante é aprender a observar a criança brincando, experimentar a vivência lúdica para poder compartilhá-la e buscar qualificar-se de forma teórica e vivencial através de cursos, encontros, grupos de estudo etc. Considerando que a promoção do brinquedo se dá naturalmente no mundo infantil, o desafio do adulto reside em construir uma relação que permita à criança ser agente de sua própria brincadeira, tendo na figura dele um parceiro de jogo que a respeita e a estimula a ampliar cada vez mais seus horizontes.

A concepção de brincar com forma de desenvolver a autonomia das crianças requer um uso livre de brinquedos e materiais, que permita a expressão dos projetos criados pelas crianças. Só assim, o brincar estará contribuindo para a construção da autonomia.


CONSIDERAÇÕES FINAIS



No transcorrer deste artigo procurei me remeter a reflexões sobre a importância das atividades lúdicas na educação infantil, tendo sido possível desvelar que a ludicidade é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois para ela brincar é viver.

É relevante mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa estar num constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que o compõem. É sempre bom que se auto-avaliem fazendo perguntas como: A que fins estão sendo propostas as brincadeiras? A quem estão servindo? Como elas estão sendo apresentadas? O que queremos é uma animação, um relaxamento ou uma relação de proximidade cultural e humana? Como estamos agindo diante das crianças? Elas são ouvidas?

Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança se nela o educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma, ainda existe em si. Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si mesmo o gosto pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências, remotas ou não, brincadeiras de infância e de adolescência que possam contribuir para uma aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa.

É competência da educação infantil proporcionar aos seus educandos um ambiente rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam grande parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de idade, permitindo assim permitindo que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a serem crianças.

O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade, aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social.

O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã deste mundo, ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua contribuição também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades.

É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança.

Cabe ressaltar que uma atitude lúdica não é somente a somatória de atividades; é, antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem como de relacionar-se com os alunos. É preciso saber entrar no mundo da criança, no seu sonho, no seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais espaço lúdico proporcionarmos, mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva ela será.

Propomos, entretanto, aos educadores infantis, transformar o brincar em trabalho pedagógico para que experimentem, como mediadores, o verdadeiro significado da aprendizagem com desejo e prazer.

As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos interesses e ideologias de classes dominantes.

Portanto, cabe à escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil de nossos alunos, ajudando-os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar, não se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a constante peleja que nela travamos.

É preciso que o professor assuma o papel de artífice de um currículo que privilegie as condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos seus diversos domínios, afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo, retirando-a da clandestinidade e da subversão, explicitando-a corajosamente como meta da escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJURIAGUERRA, Julian de; MARCELLI,Daniel . Manual de Psicopatologia

Infantil.Trad. A. E.Filmam.Porto Alegre: Artmed, 1991.


ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua

Portuguesa. 11ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. 9

ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto

Alegre: Artmed, 2002.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. Educação infantil: muitos olhares. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2001.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré escola. São Paulo: Cortez, 1995.

SNEYDERS, Georges. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra,1996.

1 Acadêmica de Pedagogia e Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade de Caxias do Sul.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Neiva Juçara Parizotto Marciano[1]

RESUMO: O tema Afetividade foi escolhido devido a sua importância, pois aborda a relação aluno-professor, sendo que esse vínculo afetivo deve ser estimulado diariamente, motivando o ato de aprender-ensinar. O objetivo foi mostrar que afetividade é uma importante alternativa para mudanças na aprendizagem. A metodologia esteve pautada por referências bibliográficas, observação direta em sala de aula e entrevistas que envolveram alunos e professores de 5ª a 8ª séries. A afetividade na escola, indiscutivelmente influencia muito na aprendizagem dos alunos. Ensinar e aprender são um processo de transformação humana que acontece de forma contínua, por isso o sucesso da aprendizagem está no modo como os alunos e professores se relacionam. Entre alunos e professores percebe-se que ainda há falta de um bom entrosamento, ocorrendo desrespeito, agressividade e até mesmo atos de violência, os quais estão se tornando comuns dentro da sala de aula, ou seja, espaço de aprendizagem que deveria ser de mútua acolhida. Infelizmente ainda existe uma concepção tradicional de alguns educadores que bitolam somente a parte cognitiva e a nossa realidade exige mudança nessa forma de ensinar.

PALAVRAS-CHAVE: afetividade – aprendizagem – aluno – professor.

INTRODUÇÃO

Em nossa realidade, onde não somente o pai é o provedor da família, mas também a mãe enfrenta jornadas de trabalho fora de casa, cria-se um impasse, no qual a afetividade muitas vezes deixa a desejar, já que o tempo destinado aos filhos é bastante limitado. Ressalta-se que a jornada de trabalho continua no lar e, consequentemente, o cansaço físico e a desmotivação.

A escola é um local onde a criança passa grande parte de seu tempo e, por isso, esse meio social deve proporcionar um ambiente agradável, que favoreça as descobertas e desenvolva a curiosidade. Para que isso aconteça o desenvolvimento cognitivo deve estar paralelo ao desenvolvimento afetivo.

O tema Afetividade foi escolhido devido a sua importância, pois aborda a relação aluno-professor, sendo que esse vínculo afetivo deve ser estimulado diariamente, motivando o ato de aprender-ensinar. Visa reconhecer que através dos laços afetivos entre educando e educador é possível promover uma aprendizagem significativa. Almeida (2009, p. 42) cita Wallon afirmando,

[...] atribui à emoção como os sentimentos e desejos, são manifestações da vida afetiva, um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano. Entende-se por emoção as formas corporais de expressar o estado de espírito da pessoa, este estado afetivo pode ser penoso ou agradável.

A afetividade favorece o conhecimento intelectual, pois o desenvolvimento normal da inteligência só ocorre se há uma relação anterior normal. É a afetividade que constitui o alicerce sobre o qual se constrói o conhecimento racional. É possível observar na prática como as crianças com bloqueios afetivos apresentam também inibições intelectuais e as que possuem uma boa relação afetiva, têm seu desenvolvimento intelectual facilitado.

Através de pesquisas bibliográficas, observação direta em sala de aula e registros, intenciona-se aprofundar o conhecimento teórico-prático sobre o tema, objetivando uma prática pedagógica voltada à qualificação do ensino-aprendizagem.

O ALUNO E A INTERAÇÃO COM O AMBIENTE

O aluno deverá sentir-se seguro e acolhido por todos envolvidos no seu processo de aprendizagem e para isso é necessário que a família, comunidade e escola estejam sempre presentes e comprometidos com o mesmo objetivo, demonstrando afetividade para que ele se desenvolva quase que plenamente.

Diante de tantas informações, tecnologias e meios de comunicação o aluno não é mais o mesmo e o educador não pode ficar alheio a essa realidade e sim deve procurar atualizar-se cada vez mais e usar de novos recursos para atraí-lo.

Sabe-se que a família é a referência, a base para qualquer criança. Portanto os bons ou maus exemplos terão consequências na formação de conceitos. Muitos fatores podem envolver a criança e influenciar em sua vida, tornando difícil a sua adaptação em sala de aula. É a partir desse momento que o papel do professor fará diferença em seu comportamento, seu aprendizado e sua socialização.

O que afasta ou aproxima o ser humano de outro ou o aluno de seu professor é forma de relacionamento. As relações determinam a formação de seu caráter, reagindo de forma negativa ou positiva e consequentemente influenciando na aprendizagem. “Elogie o jovem antes de corrigi-lo ou criticá-lo. Diga o quanto ele é importante, antes de apontar-lhe o defeito. A consequência? Ele acolherá melhor suas observações e o amará para sempre”. (CURY, 2003, p. 95)

É possível afirmar que todo ser humano sente-se amado quando encontra no ambiente em que está: aconchego, afeto, aceitação e exemplos positivos. Ensinar é um ato de amor, por isso transmitir conhecimento deve estar sempre vinculado à afetividade. A aprendizagem é um processo em que ambos (aluno-professor) ensinam e aprendem.

Olhar o aluno com interesse e atenção faz com que desperte nele a graça do aprender ou quem sabe ter a infelicidade de intimidar sua inteligência. Conforme ALVES (2002), o olhar do professor tem o poder de fazer florescer ou murchar a inteligência do aluno, pois todo ser humano de olhar amedrontado, vazio, distraído ou perdido não aprende.

Buscar novas formas de ensinar, ter uma relação afetiva com os alunos é o caminho para o despertar de um novo tempo e mesmo que o educador tenha à sua disposição todos os recursos tecnológicos possíveis, estes jamais substituirão a relação de afetividade que norteia o processo de desenvolvimento cognitivo.

CONCEPÇAO DE WALLON SOBRE A AFETIVIDADE

A afetividade tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade da criança, que se manifesta primeiramente no comportamento e posteriormente na expressão.

O afetivo tem origem nas sensibilidades internas de interocepção (sensações provocadas pela tonicidade das vísceras) e de propriocepção (sensações derivadas da posição e tonicidade muscular). Essas sensações são responsáveis pela atividade generalizada do organismo que, junto com a resposta do outro (sensibilidade de exterocepção, isto é, sensibilidade aoque vem do exterior), vai se transformando em sinalizações afetivas cada vez mais específicas de medo, alegria, tranqüilidade, raiva, etc. Assim, estados emocionais (variações viscerais e musculares do tônus) vão se transformando em estados afetivos (comunicação de afetos, de sentimentos). (MOHANEY; ALMEIDA (Orgs.) et al, 2000, p. 15)

No entanto, “Na teoria Walloniana a afetividade é o ponto de partida do desenvolvimento humano”. (ALMEIDA, 2009, p. 44). Portanto, todo processo de educação significa também a constituição de um sujeito. A criança seja em casa ou na escola, em todo lugar está se constituindo como ser humano, através de suas experiências com outro, naquele lugar, naquele momento.

A construção do real acontece através de informações e desafios sobre as coisas do mundo, mas o aspecto afetivo nesta construção continua muito presente.

ENTREVISTAS: PROFESSORES E ALUNOS

Para Alves (2000, p. 17), “[...] difícil amar as disciplinas representadas por rostos e vozes que não queiram ser amados.” Observam-se na escola diferentes formas de relacionamento e nas respostas dos alunos e professores em relação à entrevista sobre afetividade, percebe-se que ambos querem e necessitam demonstrar e receber afeto.

É nesta troca que aprendem a desenvolver o conhecimento construindo uma aprendizagem com significado. “Professor ideal para mim é aquele que ensina e não desiste nunca. Além de professor ele pode ser um grande amigo.” (Aluna A, 7ª série). Para a Professora A (7ª e 8ª série), “A afetividade é muito importante. Antes de transmitir o conhecimento, precisamos amar o nosso aluno.

Alguns educadores responderam ter encontrado resistência por parte de alguns alunos, em relação à afetividade. Questionados sobre a receptividade dos alunos em termos afetivos. “A maioria é receptiva, alguns não estão acostumados a ter laços afetivos”. (Professora B, 5ª série).

A nossa realidade nos mostra que muitas crianças não tiveram carinho, amor de sua família, tornando-as insensíveis a sentimentos afetivos. “Não acho que deva existir laços afetivos entre professor e aluno, deve haver um laço de respeito. Não gosto de professores que querem se intrometer na vida do aluno.” (Aluna B, 7ª série).

Muitas vezes os educadores não sabem lidar com as emoções em sala de aula, tornam-se vulneráveis e incapazes de enfrentar determinadas situações, portanto o conhecimento é o suporte necessário para assegurar a administração das emoções em sala de aula.

O professor que se apropria de conhecimento sobre emoção, amplia as possibilidades de compreensão da realidade de seus alunos. Com referências teóricas os professores consequentemente saberão lidar melhor com o que é observado na sua sala de aula.

O DESAFIO E A AFETIVIDADE

Todo aluno tem sabedoria, brinca e compete de acordo com os conhecimentos e as capacidades que possui, por isso é necessário que o professor apresente atividades com e sem obstáculos que, com afeto o aluno poderá superá-las, desenvolvendo internamente critérios e crescerá à medida que vence desafios. Destaca-se então que: “A felicidade é um bem estar biopsicossocial, uma satisfação da alma.” (TIBA, 2002, p. 72). O aluno aprende pelo relacionamento afetivo que o professor estabelece com ele e também com o que presencia em seu ambiente. Portanto o exemplo faz parte da aprendizagem.Educar não é deixar a criança fazer só o que quer (buscar saciedade). Isso dá mais trabalho do que simplesmente cuidar porque equivale a incutir na criança critérios de valor. A criança é regida pela vontade de brincar, de fazer. A cada movimento está descobrindo coisas, num processo natural de aprendizagem. Junto entram valores. (TIBA, 2002, p. 131)

Toda criança precisa de desafios, mas deve ser direcionada e orientada com princípios e limites, assim ela se sentirá amada e segura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As manifestações de afetividade exercem um papel fundamental no processo de desenvolvimento do ser humano. A relação entre afetividade, razão, emoção, aluno, professor e família no contexto da educação está inteiramente ligada ao desempenho escolar. Caso contrário se houver ausência de afetividade na família desse aluno os prejuízos serão enormes e mesmo que sejam corrigidos por uma ação pedagógica haverá dificuldade de aprendizagem.

Portanto, caberá ao professor querer, juntamente com a comunidade escolar, aplicar com determinação e persistência o objetivo de ensinar, alicerçado na afetividade e no respeito para formação de uma educação com qualidade.

Não se deve ficar indiferente e insensível ao apelo da comunidade escolar que anseia por uma sociedade justa e fraterna. Educadores e educandos crescerão como seres humanos íntegros, globalizados e capazes de serem inseridos em uma sociedade moderna, mas que precisa de muito afeto para sobreviver.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. 7ª ed. Campinas – São Paulo: Papirus, 2009.

ALVES, Rubem. Alegria de ensinar. São Paulo: Papirus, 2000.

ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. 2. ed. São Paulo: Papirus, 2002.

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[1] Licenciada em Pedagogia Habilitação em Administração Escolar – Faculdade de Letras e Educação (FALEV) – Vacaria/RS. Professora de Ensino Fundamental da Rede Municipal

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A DESNUTRIÇÃO E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E COGNITIVO NA INFÂNCIA

A DESNUTRIÇÃO E O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

E COGNITIVO NA INFÂNCIA

Sara Ciotta Pereira[1]

RESUMO: Para ter um corpo e a mente sempre saudáveis é importante ter uma alimentação rica e nutritiva e praticar atividades físicas. A desnutrição seria a falta ou o consumo insuficiente de nutrientes pelo organismo humano. O presente artigo teve como objetivo pesquisar a importância dos alimentos e da prática esportiva na infância, demonstrando que a desnutrição prejudica o desenvolvimento físico e a aprendizagem das crianças na escola. A metodologia da pesquisa foi através da exposição e análise dos dados coletados junto aos estudantes do sexto ano da Rede Pública Estadual de ensino do município de Vacaria/RS, mostrando a realidade vivida pela grande maioria dos estudantes, no que concerne a prática de atividade física e uma boa alimentação, como fatores determinantes para auxiliar no crescimento e fortalecimento físico e no processo de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. A má alimentação é um problema de ordem social e econômica que interfere diretamente no bem estar dos indivíduos; principalmente, nas crianças em fase de desenvolvimento físico e mental. A desnutrição prejudica o crescimento, a aprendizagem e afeta de maneira negativa no rendimento escolar infantil.

PALAVRAS-CHAVE: Alimentação; Desenvolvimento e Aprendizagem; Desnutrição Infantil.

1 INTRODUÇÃO

O organismo humano tem necessidade, para desenvolver-se e para conservar-se em boa saúde, deve receber continuamente certas substâncias essenciais; grande parte dessas substâncias ou nutrientes são encontrados nos alimentos. Os alimentos são divididos e classificados de acordo com o seu valor nutricional; e, é este valor nutricional que determina a quantidade e o número de vezes que vão fazer parte da dieta.

Para uma vida saudável a alimentação equilibrada e a prática de atividade física são essências para o desenvolvimento psicomotor e cognitivo de maneira harmônica. Todos os alimentos são importantes para o funcionamento do organismo humano, e a falta de algum nutriente acarreta em problemas na saúde.

A desnutrição é a falta de uma dieta equilibrada e satisfatória para o organismo, é a ingestão insuficiente ou nula de um ou mais dos nutrientes encontrados nos alimentos. A desnutrição é considerada como um problema socioeconômico, pois demonstra a fragilidade e a pobreza de um povo e o descaso do governo.

A Educação de um modo geral sofre diariamente a influência do fator externo, isto é, tudo o que acontece fora da escola de alguma maneira afeta o ambiente escolar; portanto, a desnutrição é um problema que atinge a educação, e, é vivenciado diariamente nos bancos escolares. A má alimentação na infância acarreta em problemas no desenvolvimento psicomotor e cognitivo das crianças.

O problema a ser analisado com a pesquisa é “Como a desnutrição pode interferir no desempenho físico e na aprendizagem dos alunos do sexto ano do Ensino Fundamental da Rede Pública de ensino?”.

O presente artigo teve como objetivo pesquisar a importância dos alimentos e da prática esportiva na infância, demonstrando que a desnutrição prejudica o desenvolvimento físico e a aprendizagem das crianças na escola.

A metodologia da pesquisa foi através da exposição e análise dos dados coletados junto aos estudantes do sexto ano da Rede Pública Estadual de ensino do município de Vacaria/RS, mostrando a realidade vivida pela grande maioria dos estudantes, no que concerne a prática de atividade física e uma boa alimentação, como fatores determinantes para auxiliar no crescimento e fortalecimento físico e no processo de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. A desnutrição afeta o aprimoramento e desenvolvimento psicomotor e cognitivo na infância.

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 CONCEITO DE NUTRIÇÃO E DESNUTRIÇÃO

A expressão Nutrição no dicionário de língua portuguesa para Ferreira (2008, p. 355), significa: “Conjunto dos processos que vão desde a ingestão dos alimentos até a sua assimilação pelas células”. Para que ocorra, no ser humano, um desenvolvimento psicomotor e cognitivo harmônicos é necessário que certas condições estejam presentes como: uma alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas regulares.

[...] A nutrição apropriada constitui alicerce para o desempenho físico; proporciona o combustível para o trabalho biológico e as substâncias químicas para extrair e utilizar a energia potencial existente dentro desse combustível. Os nutrientes do alimento proporcionam também os elementos essenciais para reparar as células existentes e para sintetizar novos tecidos. (MCARDLE, 2003, p. 03)

A falta destas condições citadas por Mcardle compromete o crescimento físico e a aprendizagem, um dos fatores para que haja esta deficiência no desenvolvimento humano é a desnutrição. Para Ferreira (2008, p. 190) a “Desnutrição seria o ato de nutrir-se de forma insuficiente ou de maneira nula, ou seja, ausência da ingestão de alimentos”.

A desnutrição é considerada uma doença causada por uma dieta inapropriada, ou pela má-absorção de nutrientes pelo organismo humano. A desnutrição é um problema socioeconômico, que atinge principalmente países subdesenvolvidos e, em maior escala crianças. A falta de uma alimentação correta e saudável prejudica o desenvolvimento físico e mental das crianças; trazendo deficiência na aprendizagem e no rendimento escolar

2.2 A IMPORTANCIA DA ALIMENTAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Os alimentos são todas as substâncias utilizadas pelos animais como fontes de matéria e energia para poderem realizar as suas funções vitais, incluindo o crescimento, movimento, reprodução, etc. Para o homem, a alimentação inclui ainda várias substâncias que não são necessárias para as funções biológicas, mas que fazem parte da cultura, como as bebidas com álcool, refrigerantes, compostos químicos psicotrópicos, os temperos e vários corantes e corantes e conservantes usados nos alimentos. (WIKIPEDIA, 2011)

Os alimentos são substâncias utilizadas pelo organismo para regenerar os seus próprios tecidos e obter a energia necessária para o cumprimento de todas as funções orgânicas. Com base nos estudos realizados por Wilmore e Costill (2001, p. 452 – 467) os elementos constitutivos dos alimentos são:

* Proteínas ou Protídeos – representam o principio nutritivo mais completo; Exercem função energética e plástica. As proteínas mais adequadas para exercerem a função plástica são as de origem animal, isto é, as encontradas na carne, ovos, peixes e no leite; são formadas por aminoácidos, elementos constitutivos da célula viva;

* Gorduras ou Lipídeos – subdividem-se em gorduras neutras (gorduras comuns, depositadas no tecido subcutâneo) que exercem função energética e os lipóides que desempenham função plástica, combinando-se com as proteínas;

* Carboidratos ou Hidratos de Carbono – são constituídos de glicose, galactose e frutose; Como as gorduras, exerce função energética: estão presentes nos farináceos e nas frutas;

* Vitaminas – são elementos constitutivos fundamentais porque influenciam de maneira decisiva em todas as funções vitais. A ausência prolongada de vitaminas dá origem a estados de avitaminoses;

* Sais Minerais – exercem no organismo função plástica, regulam a osmose sangüínea, asseguram o equilíbrio do ácido – básico, participam de reações bioquímicas nos tecidos. Os mais importantes são: cloro, sódio, potássio, ferro, cálcio e fósforo;

* Água - é o alimento mais importante para o homem. É através da água que a temperatura corpórea se mantém dentro dos níveis normais. Se a perda de água for maior que a sua reposição pode haver uma desidratação; cerca de dois terços, do peso corpóreo são constituídos de água, que é adquirida através de bebidas, de alimentos ricos em água e com o metabolismo das proteínas das gorduras e dos carboidratos.

Para compreender o valor nutricional dos alimentos utiliza-se a pirâmide alimentar. A pirâmide é construída a partir do agrupamento dos diferentes alimentos, conforme as características nutricionais e divide-se em porções. Através das porções é que se calcula o valor calórico de cada alimento. Os valores nutricionais dos alimentos consumidos devem levar em consideração as vitaminas e necessidades individuais de cada organismo, a idade, sexo, o peso, a altura e o exercício físico realizado.

Fonte: www.emedix.uol.com.br

Analisando a pirâmide alimentar a base é composta por alimentos ricos em carboidratos como: pães, massas, cereais e arroz. Este grupo compreende a maior parte e por isso, devem ser consumidos numa maior quantidade no decorrer do dia, pois são fontes de energia essenciais. Mas deve ser respeitado a quantidade ideal de consumo deste grupo para não trazer prejuízos ao corpo.

Na parte de cima da base encontram-se os alimentos reguladores que são ricas fontes de vitaminas, minerais e fibras e auxiliam na regulação de diversas reações do organismo; fazem parte deste grupo as frutas, verduras e legumes.

O terceiro nível da pirâmide é formado por dois grupos fundamentais como fontes de proteínas e minerais; assim temos: os alimentos de origem animal como leite e derivados, carne, frango e ovos; e o grupo alimentar dos feijões, ervilhas e nozes. Para Mcardle (2001, p. 8), “[...] o leite é sempre um alimento de grande interesse porque contém todos os principais elementos nutritivos, tanto que é satisfatório, em diversas espécies animais, para dar uma alimentação completa nos primeiros tempos de vida”.

E no ponto mais elevado da pirâmide estão os óleos, manteigas, margarinas, açúcares e doces; este grupo alimentar deve ser consumido com moderação, pois são calóricos e pode acarretar em problemas cardiovasculares, obesidade, diabetes entre outras doenças.

Retirar do alimento o máximo de seu teor nutritivo é tarefa que requer conhecimento e análise do que se esta ingerindo; cada grupo alimentar representa nutrientes e vitaminas que podem ser mais ou menos necessários dentro de um organismo. Segundo Wilmore e Costill (2001, p.461–464) o valor nutritivo dos alimentos é dividido em grupos, que são:

* Grupo do Leite – compreende o leite integral, o soro do leite e os queijos. Estes alimentos de origem animal são muito ricos em todos os princípios nutritivos (proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e sais minerais);

* Grupo da Carne – compreende as carnes, o peixe e os ovos muito ricos em proteínas; estes alimentos contêm também quantidades suficientes de gorduras, azoto, ferro, vitamina B1 e B12;

* Grupo das Frutas e das Verduras – compreende alimentos de reduzido valor calórico, porém riquíssimo em vitaminas e sais minerais;

* Pão e Cereais – pobres em proteínas, fornecem muitas calorias e contêm as vitaminas A, C, B1, B2, cálcio, ferro, ácido fólico.

Para haver um equilíbrio na ingestão de alimentos é primordial saber que todos os grupos alimentares são importantes para o desenvolvimento e manutenção da saúde do indivíduo, utilizar a tabela alimentar é o primeiro passo para ter uma alimentação saudável e rica de nutrientes essenciais para o corpo humano.

2.3 A PRÁTICA DE ATIVIDADE FISICA NA INFÂNCIA

O corpo necessita de nutrientes que encontra através dos alimentos; mas a prática de atividade física é primordial para o bom desenvolvimento e manutenção da saúde humana. O exercício físico é “toda atividade planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivos a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física" (CASPERSEN apud GUEDES; GUEDES, 1994, p.174). Os exercícios naturais são a marcha, os brinquedos, os esportes. A marcha, exercitada sob a forma de passeio, é o mais natural dos exercícios. Os brinquedos são os exercícios mais adaptados à crianças e aos adolescentes.

Já a Atividade Física é definida como “qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que em gasto energético maior do que os níveis de repouso". (CASPERSEN; apud GUEDES; GUEDES, 1994, p. 176). A atividade física pode ser praticada com exercícios naturais ou com exercícios artificiais. A prática esportiva deve adaptar-se às possibilidades musculares e fisiológicas do indivíduo. Com isso, cada período da nossa vida corresponde a uma atividade muscular apropriada.

Na Infância, os músculos em via de desenvolvimento são inaptos às contrações enérgicas. Segundo Powers e Howley (2000, p. 417),

Embora a atividade física tenha demonstrado otimizar o crescimento infantil, persistem questões quanto à possibilidade de um super-treinamento causar lesões ao sistema músculo-esquelético. Em particular, existem evidências de que os ossos em crescimento das crianças são mais susceptíveis a certos tipos de lesão mecânica em razão da presença da cartilagem de crescimento.

As crianças possuem uma necessidade contínua de movimento: tal necessidade é absolutamente fisiológica. Nos organismos jovens são maiores os impulsos nervosos, que do sistema nervoso central chegam ao aparelho locomotor.

O brinquedo é uma necessidade absolutamente natural; uma criança que brinca é uma criança que está bem. Os brinquedos compreendem três tipos de movimento: a marcha, a corrida e o salto. Os esportes constituem, em certo sentido, os brinquedos dos adultos. Sendo que, ao exercício físico em si, os esportes acrescentam a ideia de competição, de luta pela vitória, de resultado mau para uns, e de resultado feliz para outros: este aspecto torna-se, assim, muitas vezes danoso.

Assim, os esportes mais saudáveis são aqueles que se pratica de uma forma prazerosa e não apenas visando à vitória. Todo esporte deve ser considerado como excelente, com a condição de que seja praticados com medida, inteligência e bom senso. O fato de que a maioria dos esportes é praticada ao ar livre, acrescenta valor a sua prática, pois há uma harmonia entre ambiente, corpo e mente. Além disso, a partir do esforço muscular que realiza, ele desenvolve a força, a destreza e a iniciativa.

Os esportes de conjuntos são positivos para o desenvolvimento de qualidades morais, solidariedade e trabalho em equipe; exigem aplicação, tempo, organização e dedicação na sua prática; pois somente a prática pode levar a harmonia de todos os jogadores em prol de um mesmo objetivo. Temos como exemplo de esporte em grupo: o futebol, vôlei, entre outros.

O tênis, a patinação, a natação, etc., são esportes que podem ser praticados sozinhos ou em grupo (revezamento, como a natação) é de forma igualitária aos outros exige empenho, dedicação e vontade de aperfeiçoar sempre, somente assim os resultados finais serão positivos.

Os exercícios físicos artificiais são aqueles que se praticam com a ginástica. A ginástica pode dividir-se em duas categorias: a ginástica fisiológica e a ginástica atlética. A ginástica fisiológica comporta exercícios tais que cada músculo trabalha proporcionalmente à sua importância; tende ela a reforçar, sobretudo, os músculos respiratórios da caixa toráxica, os músculos da parede abdominal e os do tronco que asseguram a posição vertical.

Entre os benefícios físicos, o trabalhar pode perceber aumento da circulação e oxigenação, melhora da flexibilidade, diminuição do sono durante as atividades, correção da postura, redução das tensões musculares, aumento do ânimo e melhora da agilidade, concentração e coordenação motora. (PICOLLI, 2009, p. [s.p.]).

Os movimentos desta ginástica são simples, fáceis, acessíveis a todos; o seu defeito é que se tornam pouco divertidos, de tal modo que as sessões deverão ter uma duração limitada.

A ginástica atlética, ao contrário consiste na execução de exercícios com aparelhos (barra, cavalo, trapézio, argolas) que exigem violentos esforços; não é, portanto, isenta de inconvenientes e deve ser cuidadosamente controlada. A ginástica atlética apresenta também a desvantagem de desenvolver só alguns grupos musculares, de acordo com o exercício praticado. É necessário, portanto, variar muitas vezes os exercícios. Este tipo de ginástica não é adaptável a todos; mas, para aqueles que a praticam é muito prazerosa. A prática de atividade física promove o desenvolvimento psicomotor e cognitivo dos indivíduos envolvidos.

2.4 DESNUTRIÇÃO X APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A desnutrição infantil configura-se em um dos maiores problemas mundiais de saúde pública. A vulnerabilidade socioeconômica e cultural pode favorecer o aparecimento de doenças. Neste sentido, evidencia-se a pobreza como um dos fatores mais importantes que levam à desnutrição, justamente por estar ligada as condições socioeconômicas e, consequentemente, à precariedade. De acordo com Gallahue e Ozmun (2005, p. 217), “[...] mesmo em países desenvolvidos, as deficiências no crescimento ocorrem, muitas vezes causadas pela pobreza ou falta de informação dos pais em relação à nutrição básica de seus filhos”.

As crianças que sofrem de má nutrição no período neonatal e na primeira infância, nunca estão completamente de acordo com as normas de crescimento para suas faixas etárias. Podemos dizer que a desnutrição é um fator que afeta principalmente o desenvolvimento físico e mental e como consequência interfere de maneira negativa no rendimento escolar da criança.

A desnutrição infantil é um dos problemas de saúde mais grave dos países em desenvolvimento. As crianças desnutridas sofrem com o retardo de crescimento existindo pouca esperança de que venha igualar-se às outras crianças de sua idade em relação ao desenvolvimento, principalmente nos domínios psicomotor e cognitivo. Isso acontece porque os processos da memória e da aprendizagem motora da criança estão associados às condições nutricionais da mesma.

As conseqüências da desnutrição para o organismo da criança são várias, desde o comprometimento do crescimento, onde a manutenção da carência alimentar leva à desaceleração do ganho de estatura na tentativa de economizar energia visando manter as funções vitais até a diminuição do peso, devido à perda de tecido subcutâneo e massa muscular. (ESCOBAR apud MONTEIRO et al, 2009, p. 2)

Sendo a nutrição fundamental para um bom desempenho físico e que os exercícios físicos exercem uma atuação global no organismo, principalmente ao nível metabólico, cardiovascular e psicológico pode-se estabelecer uma certa relação entre desnutrição e baixo desempenho físico.

Nas aulas de educação física escolar o aluno encontra atividades onde as habilidades cognitivas, motoras e sócio afetivas são desenvolvidas. O aluno aprende a respeitar o próprio corpo, melhora a confiança em si e nos outros, diminui a timidez, trabalha o equilíbrio emocional em situações desafiadoras dividindo com o grupo as tarefas e responsabilidades. Além disso, a liberação de hormônios durante os exercícios causa bem-estar e aumenta a autoestima.

As crianças de um modo geral, por estarem em atividade constante, necessitam uma ingestão maior de calorias/dia do que os adultos, pois seu metabolismo e trocas orgânicas, assim como nos jovens, são ativos. Para Kamel e Kamel (1998, p. 38), “[...] a falta de calorias exigidas pelo organismo pode desencadear um estado de carência protéica, vitamínica ou de sais minerais e, sobretudo, a um descontrole energético positivos como a magreza”.

Sabe-se que a fome é a necessidade básica de alimento que, quando não satisfeita, diminui a disponibilidade de qualquer ser humano para as atividades cotidianas e também para as atividades intelectuais. Porém, uma vez satisfeita à necessidade de alimentação, cessam todos os seus efeitos negativos, sem quaisquer sequelas. A desnutrição, por sua vez, ocorre quando a fome se mantém em intensidade e tempo tão prolongados, que passam a interferir no suprimento energético do organismo.

A desnutrição afeta o ser humano de um modo geral, principalmente no aspecto cognitivo e motor, visíveis no desempenho das atividades físicas, pois para o aluno poder realizar determinada tarefa necessita, anteriormente, compreendê-la. De acordo com as fases do desenvolvimento cognitivo identificadas por Piaget (apud WIKIPEDIA, 2011), a criança com idade entre 7 a 11 anos encontra-se na fase das operações concretas.

O conceito de reversibilidade, de Piaget (WIKIPEDIA, 2011), se refere à capacidade de perceber mentalmente qualquer alteração da forma, ordem, posição, número e reverter à sua posição original é estabelecido nesta fase. O nível de raciocínio operacional concreto pressupõe que a experimentação mental depende da percepção por isso nesta fase as percepções são mais precisas e a criança aplica a interpretação dessas percepções ambientais sabiamente. Conforme Gallahue e Ozmun (2005, p. 49) “ela examina a partes para obter conhecimento do todo e estabelece meios de classificação para organizar as partes em um sistema hierárquico”. Pode-se citar os jogos de memória, quebra cabeça e xadrez, dentre outros, como atividades que exigem capacidade de reversibilidade.

Do ponto de vista motor, na fase de movimentos especializados, as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes. O aparecimento e a extensão do desenvolvimento de habilidades nesta fase dependem de muitos fatores da tarefa (exercícios), individuais (aluno) e ambientais.

O tempo de reação e a velocidade do movimento, a coordenação, o tipo de corpo, a altura e o peso, os hábitos, a pressão do grupo social a que se pertence e a estrutura emocional são alguns desses fatores. Assim, é necessário que se desenvolva um ambiente saudável, pois a criança que sofre com a carência afetiva (característica do desnutrido) possui carência de estímulos, fazendo com que seu comportamento motor não amadureça e não se concretize. “Dessa forma, mesmo as crianças com uma dieta insuficiente, podem praticar exercício físico moderado, pois o mesmo permite um melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta” (NÓBREGA, 1986, p. 398).

Tendo em vista os efeitos deletérios na aprendizagem e nas funções motoras causados pela desnutrição, as atividades oferecidas na Educação Física Escolar, exceto em caso de níveis excessivos, devem ser entendidas como uma alternativa favorável e de efeito positivo sobre o crescimento.

3 METODOLOGIA

Com a finalidade de observar como a desnutrição pode interferir no desenvolvimento psicomotor e cognitivo infantil, foi realizado uma coleta de dados através de um questionário (em anexo) respondido pelos entrevistados, tendo como público alvo os alunos da sexta série da rede pública estadual de ensino do município de Vacaria/RS. A coleta de dados tem por finalidade questionar e explorar como os estudantes se alimentam, e a relação existente entre a má nutrição e o desempenho escolar.

Num primeiro momento todos os alunos foram pesados e medidos para se fazer o calculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Foi realizada uma entrevista semi-estruturada, que segundo Negrine (1983) possuem questões concretas previamente definidas e ao mesmo tempo permite que se realizem explorações não previstas aprofundando dessa forma melhor o tema, com o intuito de analisar o perfil dos estudantes do sexto ano da rede pública estadual, no que tange a alimentação.

A observação em sala de aula dos alunos entrevistados, para verificar a relação entre a alimentação x aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo e psicomotor dos indivíduos. A pesquisa é de caráter qualitativo, tendo como instrumento de coleta de dados, entrevistas compostas por questões previamente estipuladas (em anexo), a qual tem por finalidade servir de base para o estudo realizado.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estudo que segue visa apresentar os dados coletados junto aos professores no que tange a desnutrição e o desenvolvimento psicomotor e cognitivo na infância. Num primeiro momento houve a medição e pesagem dos estudantes do sexto ano participantes da pesquisa não determinaremos o IMC (Índice de Massa Corporal) porque para alguns pesquisadores desta área nas fases de infância e adolescência é necessário um estudo mais aprofundado para determinar o IMC deve-se levar em consideração a altura, o peso, o sexo e a idade.

[...] As crianças naturalmente começam a vida com um alto índice de gordura corpórea, mas vão ficando mais magras conforme envelhecem. Além disso, também há diferenças entre a composição corporal de meninos e meninas. E foi para poder levar todas essas diferenças em consideração que os cientistas criaram um IMC especialmente para as crianças, chamado de IMC por idade. (...) O IMC por idade utiliza a altura, peso e idade de uma criança para determinar quanta gordura corporal ele ou ela tem e compara os resultados com os de outras crianças da mesma idade e gênero. Ele pode ajudar a prever se as crianças terão risco de ficar acima do peso quando estiverem mais velhas. (...) A faixa de IMC normal pode ficar mais alta para as meninas conforme elas vão amadurecendo, já que as adolescentes normalmente têm mais gordura corporal do que os adolescentes. Um garoto e uma garota da mesma idade podem ter o mesmo IMC, mas a garota pode estar no peso normal enquanto o garoto pode estar correndo risco de ficar acima do peso. Os médicos dizem ser mais importante acompanhar o IMC das crianças ao longo do tempo do que olhar um número individual, pois elas podem passar por estirões de crescimento. (WIKIPEDIA, 2011)

Respeitando as recomendações acima foi realizada a análise e cálculos para medir o IMC – Índice de Massa Corporal. A turma selecionada para a pesquisa é bem peculiar quanto a idade possui alunos dos 11 anos até os 15 anos, ou seja, uns estão na infância e outros já na adolescência.

O gráfico mostra dados preocupantes, pois a maioria desta turma esta classificada como abaixo do índice considerado como normal de massa corporal, deve ser um destes fatores que faz com que a turma tenha alunos com idades avançadas para a série. Sem uma boa alimentação o déficit de atenção aumenta e a aprendizagem passa a ser prejudicada. Sawaya (2006, p.[s.p.]) faz uma análise desta situação, “[...] que o baixo rendimento escolar de grande parcela dos alunos no Brasil teria como uma das suas explicações principais a desnutrição atual ou pregressa, o que supostamente levaria a deficiências cognitivas e lingüísticas, prejudicando a aprendizagem”.

Manter uma alimentação equilibrada e que traga benefícios para a saúde de cada indivíduo é um fato certo e notório; entretanto, o que se analisa diante do questionário aplicado aos estudantes do sexto ano de uma escola pública estadual, é que a grande maioria todos sabe o que é preciso para se ter uma alimentação rica em nutrientes.

Mas analisando os resultados dos Índices de Massa Corporal (IMC) constata-se que apesar de saber o que é bom para o organismo humano, no que tange alimentação, a maioria dos pesquisados estão desnutridos, devido provavelmente a má alimentação. Assim, mais do que obvio a desnutrição é um problema sócio-econômico. Os indivíduos sabem que uma boa alimentação é importante para a o desenvolvimento físico e mental; porém as condições financeiras individuais é um fator determinante para a obtenção destes alimentos.

A desnutrição fragiliza o físico e o processo de aprendizagem das crianças, elas demonstram um retardo no crescimento e dificuldades para a assimilar o que lhes é ensinado; o que muitas vezes é vista, de maneira errônea, pelos professores como falta de vontade em aprender. A desnutrição infantil afeta de maneira real o crescimento físico e o rendimento escolar, prejudicando o desenvolvimento psicomotor e cognitivo do infante. A desnutrição é um caso de saúde pública.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os alimentos são importantes fontes de nutrientes para o organismo humano. Tais nutrientes são essenciais para o bom funcionamento das atividades físicas e cognitivas dos indivíduos. A falta de uma alimentação equilibrada prejudica o processo de funcionamento das atividades humanas tanto as físicas como as cognitivas.

Um indivíduo que tenha uma nutrição deficiente terá problemas de saúde e de atenção; a falta de nutrientes afeta todo o organismo. A desnutrição é considerada pelos pesquisadores como um problema de saúde pública, afeta os países subdesenvolvidos. O problema é considerado de cunho social e econômico; atinge principalmente as classes sociais mais baixas, com salários reduzidos e um maior número de dependentes, torna-se impossível ter uma alimentação nutritiva e equilibrada.

A desnutrição infantil acarreta em deficiência no desenvolvimento psicomotor e cognitivo; há um retardo no crescimento físico e dificuldades na aprendizagem escolar. Pode-se afirmar que a desnutrição é um dos mais graves problemas sociais do Brasil; e, é também um dos grandes responsáveis pelo baixo rendimento escolar. A falta de vontade de estudar ou o déficit de atenção ou de participação em sala de aula pode estar aliada falta de condições financeiras, até mesmo para propiciar uma alimentação que satisfaça a necessidade infantil.

Uma criança desnutrida não tem motivação para aprender; falta nutrientes para o desenvolvimento físico e para compreender o que os professores ensinam. Para erradicar a desnutrição dos bancos escolares é mister que o governo assuma o seu papel de promover a inclusão social no País, não com “esmolas governamentais”, mas com conscientização dos deveres e direitos de saúde, de educação, de crescimento e desenvolvimento humano.

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[1] Graduação em Licenciatura em Educação Física pela Universidade de Caxias do Sul. Acadêmica do Curso de Pós-Graduação em Educação Física pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí – PR.